De acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de nascimento de gêmeos no Brasil aumentou 28,5% entre 2004 e 2014. Devido ao crescimento dos casos de gemelaridade, o Conselho Federal de Medicina (CFM) definiu regras nos últimos anos para reprodução assistida no Brasil, visando garantir a segurança das mães e dos bebês.
O médico especialista em reprodução humana, Dr. Vinícius Stawinski, explicou que a chance de gemelaridade cresce em situações com tendência ao aumento da ovulação, como idade, raça, fatores genéticos, assim como o uso de indutores de ovulação, utilizados nos tratamentos de infertilidade. “Além do uso de indutores de ovulação, seja para coito programado ou inseminação artificial, a transferência de mais embriões em casos de fertilização in vitro podem favorecer esse aumento”, acrescentou.
A maternidade em idade avançada, o que ocorre frequentemente na atualidade, também é um fator que pode contribuir com a possibilidade de nascimento de gêmeos. “Mulheres com idade mais avançada têm maiores chances de gemelaridade. Pois, com o passar dos anos, a reserva ovariana diminui, o que leva a hipófise, uma glândula localizada no sistema nervoso central, aumentar o nível de secreção de hormônios para estimular a ovulação, o que pode favorecer a liberação de mais de um óvulo por vez, propiciando a formação de gêmeos”, explicou.
Neste caso, a probabilidade é maior de gêmeos não idênticos (dizigóticos), uma vez que são gerados a partir de embriões diferentes. Questionado sobre a diferença, o médico esclareceu que gêmeos idênticos provem de apenas um embrião que se dividiu em dois, logo nos primeiros dias de existência.
Sobre as chances de gêmeos durante o tratamento de reprodução assistida, Stawinski afirmou que a probabilidade gira em torno de 10% a 40% com a transferência de dois embriões. “As chances são maiores em mulheres mais jovens, uma vez que possuem melhor qualidade do óvulo, resultando em embriões de melhor qualidade”, esclareceu.
REGRAS
O CFM já limitou a transferência de no máximo quatro embriões, dependendo da idade da mulher. Até 35 anos, dois embriões; entre 36 e 39 anos, até três embriões; acima dos 40 anos, até quatro. A idade máxima da receptora permitida para o tratamento é 50 anos.
Na avaliação do médico, as regras são importantes para diminuir a possibilidade de gêmeos e aumentar a segurança da mãe e do feto. “A transferência de um número maior de embriões não necessariamente reflete um maior número de positivos, mas podem sim aumentar a morbidade gestacional. Em casos de trigemelaridade ou mais, os riscos obstétricos aumentariam consideravelmente. Por exemplo, maiores chances de hipertensão gestacional, pré-eclampsia, eclampsia, diabetes gestacional, e com certeza, prematuridade”, comentou Dr. Vinícius Stawinski, que ainda ressaltou que a gemealidade não é o objetivo da reprodução assistida.